Divulgados este mês os últimos dados do inquérito ao setor da Economia Social // Artigo de Eduardo Pedroso | Jornal Viva Douro

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Dados do Inquérito ao Setor da Economia Social (ISES) divulgados pelo INE revelam que o número de pessoas inscritas em entidades de Economia Social (ES) equivalia, em 2018, ao dobro da população residente em Portugal nesse ano. Assim, as mais de 60 mil entidades do setor da ES existentes, na altura, em Portugal, tinham inscritos cerca de 20,5 milhões de cooperadores, associados ou irmãos, significando que, em média, cada português seria membro de duas entidades da Economia Social.

O universo da ES em Portugal, que compreende Cooperativas, Associações mutualistas, Misericórdias, Fundações, IPSS e Associações com fins altruísticos, agrupavam também mais de um milhão de organizações (pessoas coletivas).

Este inquérito, lançado em junho de 2019, com a colaboração da CASES – Cooperativa António Sérgio para a Economia Social, teve a divulgação dos primeiros resultados em novembro do ano passado, os quais estavam centrados essencialmente na análise das práticas de gestão das entidades da ES.

Como complemento a esses resultados preliminares, o INE divulga agora em setembro os dados remanescentes do ISES, trazendo informação que irá possibilitar uma caracterização mais detalhada do setor, nomeadamente em termos das atividades desenvolvidas, dos seus dirigentes, das pessoas ao serviço, do trabalho voluntário, meios de financiamento, iniciativas de responsabilidade social e relações com entidades do setor público e privado.

Entre outros aspetos, e sem prejuízo dos resultados variarem entre as diferentes “famílias” da ES, destaca-se que todos os concelhos do país registam a presença destas entidades, sendo que cerca de 37% destas identificam como principal área geográfica de atuação o nível nacional e 64% como principal utilizador, beneficiário ou cliente, o público em geral. Sobressai também que a maioria desenvolve trabalho em rede ou em parceria, destacando-se o Sector Público e o Setor da ES como os principais parceiros.

Observa-se também que 81% das pessoas ao serviço no setor da ES têm contratos de trabalho sem termo e que são menos de 1/3 as que recebem o salário mínimo nacional. No âmbito do trabalho voluntário, todas as “famílias” da ES realizam ações de voluntariado, sendo de salientar que quase 30% dessas ações inserem-se nos domínios da cultura e defesa do património e que em cerca de 40% das entidades os voluntários estão abrangidos por seguro de acidentes pessoais e de responsabilidade civil.

Os resultados do ISES revelam também que mais de metade destas organizações utiliza indicadores-chave para a monitorização/avaliação do desempenho da sua atividade e implementa medidas de responsabilidade social, porém, apenas cerca de 7% utilizam métodos de medição do impacto social. De notar, igualmente, que cerca de metade das entidades do setor não tem website ou página eletrónica, embora quase 2/3 utilize as redes sociais.

De acordo com os dados reportados, os três principais meios de financiamento das entidades de ES são as transferências ou subsídios (28%), as prestações de serviços (22%) e os empréstimos (19%). Constata-se também que apenas 5,5% obtém financiamento de fundos comunitários ou outros semelhantes.

A par da Conta Satélite da Economia Social, esta operação estatística assume enorme relevância no entendimento e visibilidade do sector da Economia Social (ES), evidenciando não só a elevada heterogeneidade das entidades que o constituem, mas também aquilo que as une, podendo, desse modo, representar uma importante ferramenta na construção de ações estratégicas e de políticas públicas.

Eduardo Pedroso – Responsável pelas Estatísticas e Base de Dados da CASES

Edição de setembro aqui

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