Resultado das 100 maiores Cooperativas de 2018 // Artigo de Eduardo Pedroso e Filipa Farelo | Jornal Viva Douro – Edição julho

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Dando continuidade a uma prática iniciada pelo anterior INSCOOP, e no cumprimento das suas atribuições, a CASES divulgou no passado dia 3 de julho, no nº 9 da revista digital da CASES, “Leituras & Debates”, o ranking das 100 maiores Cooperativas de 2018 (bem como das 20 maiores Cooperativas de Crédito e as 5 maiores por Ramo), o que coincidiu com a véspera do dia internacional das cooperativas celebrado  mundialmente.

Os resultados desta publicação permitem dar visibilidade a um sector extremamente relevante para o País e à atividade de Cooperativas que empenhadamente dão resposta às necessidades da população.

Nesse sentido, e abordando alguns desses resultados, observa-se que a lista das 100 maiores Cooperativas apresentada é composta por entidades de oito Ramos Cooperativos, revelando a diversidade de atividades desenvolvidas por este sector em Portugal. De salientar o Ramo Agrícola e o de Comercialização que, à semelhança da listagem de 2017, continuam a ser os que maior representatividade assumem neste ranking.

Geograficamente, estas cooperativas apenas estão ausentes em um Distrito, estando, em particular, concentradas em Lisboa, Porto e Coimbra onde se encontram sediadas 44,0% destas organizações, tendo sido o distrito do Porto o que mais aumentou em número de Cooperativas.

Em 2018, as 100 maiores geraram um Volume de Negócios global de cerca de € 2,32 mil milhões de euros, o que representa um aumento nominal de 4,8% face ao ano anterior.  O Ramo Agrícola é responsável por mais de metade do Volume de Negócios total e o Ramo de Comercialização por um terço.

Registou-se uma evolução igualmente favorável em relação ao Emprego gerado, tendo sido o número de trabalhadores de 7 483, mais 5,2% que em 2017. Também neste âmbito o Ramo Agrícola tem um peso preponderante, tendo gerado 44,9% dos postos de trabalho em análise, seguindo-se o Ramo do Ensino (36,1%).

Outro conjunto de resultados interessantes parte de uma das novidades inseridas neste relatório, nomeadamente, a análise do contributo das 100 maiores para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em particular para o ODS 8 – Promover o crescimento económico inclusivo e sustentável, o emprego pleno e produtivo e o trabalho digno para todos.

O enfoque neste ODS relaciona-se em particular com o facto de este ser um dos objetivos que mais impacto tem na concretização dos restantes pois, embora o ODS 8 seja um entre 17 objetivos, por estar intimamente interconectado com várias necessidades económicas, sociais e ambientais, é ao mesmo tempo um pré‑requisito transversal para alcançar muitas das metas da Agenda 2030.

Nesse sentido, considerando algumas das metas de sustentabilidade, no âmbito do emprego feminino, 48,4% do total de trabalhadores do conjunto das 100 maiores Cooperativas que disponibilizaram informação de género (96 em 100) são mulheres.  Esta proporção é inferior à registada pelo Inquérito ao Sector da Economia Social de 2018 para o Sector Cooperativo (55,4%), porém, surge alinhada com a verificada em 2018 na economia Portuguesa dado que nesse ano 48,9% da população empregada era do sexo feminino. A participação feminina surge assim quase em paridade, contudo importa relevar que a mesma varia em função da Cooperativa e da atividade que desempenha.

A taxa de participação feminina nos órgãos de Administração das Cooperativas consiste noutra forma de observar a inclusão feminina no mercado de trabalho, não só se relacionando com o ODS 8, mas também estando intimamente ligado ao ODS 5 – Alcançar a igualdade de género e empoderar todas as mulheres e raparigas, e à sua meta de garantir a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de tomada de decisão.

Deste modo, observa-se que apenas 8,2% dos membros dos órgãos de Administração das 100 maiores Cooperativas são mulheres, sendo que 78% das Cooperativas listadas não possuem mulheres nos seus órgãos de administração. Este valor fica assim muito abaixo dos apontados pelo Inquérito ao Sector da Economia Social de 2018 para o Sector Cooperativo (22,4% mulheres em órgãos executivos e 19,1% de mulheres dirigentes de topo). Importa, contudo, notar que a proporção de mulheres em cargos de chefia em 2018 em Portugal, calculada pelo INE para acompanhar os progressos realizados no âmbito dos ODS da Agenda 2030, era de apenas 2,3%, pelo que, apesar de reduzido, o contributo geral das 100 maiores Cooperativas de 2018 para uma maior participação feminina é ainda assim superior ao nacional.

Quanto à meta de reduzir substancialmente a proporção de jovens sem emprego, educação ou formação, observa-se que de acordo com a informação disponibilizada por 97 das 100 Maiores Cooperativas de 2018, 3,8% dos trabalhadores são jovens entre 15 e 24 anos, o que representa um pouco mais de metade do registado em 2018 na economia nacional onde se terá verificado que 6,4% da população empregada tinha entre 15 a 24 anos. Contudo, individualmente, um grande conjunto de Cooperativas não tem nenhum trabalhador com menos de 24 anos. Já o número de trabalhadores entre 25 e 34 anos é quase quatro vezes superior à do grupo etário entre 15 a 24 anos – 15,0% – o que significa que 18,8% dos trabalhadores das 100 maiores Cooperativas têm menos de 35 anos o que é extremamente relevante atendendo às características da população ativa e do sistema educacional em Portugal.

Por último, para a concretização de um ambiente de trabalho seguro e protegido, observa-se que, em 99 Cooperativas que forneceram informação, 72,7% dos seus trabalhadores têm um contrato sem termo, o que é próximo da percentagem nacional de 78,0% em 2018. De facto, neste âmbito o contributo das 100 maiores é muito positivo, verificando-se que mais de metade das Cooperativas apresentam um peso do número de trabalhadores com contratos sem termo superior a 80%.

Importa notar que existem diversas ações que podem ser adotadas para garantir emprego pleno e produtivo e trabalho digno para todos. Com efeito, a luta pela igualdade de condições e oportunidades no mercado de trabalho faz parte de um conjunto mais amplo de ações de combate à discriminação contra trabalhadores que vão além do género ou da idade, incluindo também, e por exemplo, a discriminação com base em raça, origem étnica, religião, deficiência e orientação sexual. Ademais, existem outras metas de desenvolvimento sustentável para as quais as Cooperativas podem contribuir (e em muitos casos já contribuem) que não estão relacionadas com a dimensão trabalho. Assim, salienta-se que os indicadores retratados não esgotam o âmbito bastante alargado dos ODS, nem os contributos que as Cooperativas já dão para a satisfação destas metas ambiciosas.

Para consultar estes e outros resultados do Relatório das 100 Maiores Cooperativas (2018), o mesmo poderá ser encontrado no site da CASES em: www.cases.pt/estatisticas-da-economia-social/

Eduardo Pedroso – Responsável pelas Estatísticas e Base de Dados da CASES

Filipa Farelo – Coordenadora das Relações Institucionais da CASES

 

Edição de julho aqui

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